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Sente Mais Frio Que o Normal?

A sensação de frio excessivo em um ambiente onde todos se sentem confortáveis é um sinal que aponta para uma disfunção da tireoide, um quadro que conhecemos como hipotireoidismo. Mas por que isso acontece? E o que realmente significa ter uma tireoide que não funciona como deveria?


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Muitos ainda associam a tireoide a ganhos ou perdas de peso, mas sua função primordial vai muito além: ela é a maestra da nossa produção de energia. E quando falamos em energia, estamos nos referindo ao famoso ATP, a moeda energética das nossas células, forjada nas nossas usinas de força, as mitocôndrias. Junto com o cortisol e a insulina, a tireoide compõe a tríade energética, essenciais para essa produção.


O T3, a Estrela da Energia e da Temperatura


O verdadeiro craque da tireoide é o T3 livre, o hormônio ativo que literalmente leva elétrons para as mitocôndrias, alimentando nossa fábrica de energia. Ele nasce de uma transformação do T4 total, um hormônio com pouca ação por si só, mas que serve como um reservatório estratégico. O T4 tem uma vida útil mais longa no corpo (cerca de 7 dias), enquanto o T3 age rapidamente e se dissipa em poucas horas (aproximadamente 6 horas). Por isso, nosso corpo é inteligente: produz T4 em abundância e o converte em T3 sob demanda, graças à enzima deiodinase, que por sua vez depende do selênio.


TSH: Um Avaliador Pouco Confiável


Um dos grandes equívocos na avaliação da tireoide é a dependência quase exclusiva do TSH. O TSH tem se mostrado um parâmetro questionável para diagnóstico e, pior ainda, para acompanhamento. Ele sofre influência de diversos outros hormônios e moléculas, como os sexuais, o HCG e o próprio cortisol. Ou seja, um TSH alterado nem sempre significa que sua tireoide está comprometida. Essa complexidade exige que um bom profissional de saúde analise muito mais do que um único exame.


O Padrão Ouro: Sua Temperatura Corporal Basal


Então, qual é o verdadeiro termômetro da sua tireoide? A. temperatura corporal basal. Em última instância, a tireoide é a principal responsável por gerar e regular nossa temperatura. Temos três substâncias termogênicas reais no corpo: a tireoide em primeiro lugar, a ingestão de gordura saturada (sim, ela é uma termogênica de verdade!) e, por último, o hormônio sequeto DHEA.


Uma temperatura corporal basal saudável ao acordar (medida na axila) deveria estar acima de 36.5°C, idealmente 36.6°C. É desafiador encontrar quem acorde com essa temperatura hoje em dia, e isso reflete um cenário de hipotireoidismo funcional, mesmo com hormônios aparentemente normais. É o que chamamos de hipometabolismo funcional, onde o T3 existe, mas não está sendo usado adequadamente pelos receptores hormonais ou mitocôndrias.


Pessoas termicamente adaptadas pela tireoide não sentem frio ou calor com facilidade. Basta observar as crianças com tireoides geralmente excelentes, elas raramente reclamam do frio. A inflamação generalizada causada pela alimentação moderna (fast food, industrializados, açúcar, gorduras vegetais) esteja comprometendo a tireoide de jovens e adolescentes.


Os Vilões e os Aliados da Tireoide


O que estraga a tireoide? A inflamação. Seja por uma má função intestinal, altos níveis de anticorpos (como na tireoidite de Hashimoto) ou desequilíbrio do cortisol, a inflamação crônica é um veneno para essa glândula vital. Medicamentos como anticoncepcionais, alguns para pressão e antidepressivos também podem interferir.


Os Pilares do T3: Onde Encontrar as Matérias-Primas Essenciais


Para que essa orquestra funcione perfeitamente, a produção de hormônios da tireoide, especialmente o T3, exige mais do que apenas iodo e tirosina. Ela é um processo complexo que depende de uma série de matérias-primas essenciais: além do iodo (que se liga à tirosina para formar os hormônios) e da própria tirosina (um aminoácido), precisamos de minerais como selênio (fundamental para a conversão de T4 em T3), zinco (que ajuda a "ativar" os hormônios tireoidianos e tem função antioxidante), e ferro (necessário para a conversão de T4 em T3). Vitaminas como as do complexo B, vitamina A e vitamina D também desempenham papéis cruciais nesse intrincado balé metabólico.


E onde podemos encontrar essa riqueza de nutrientes de forma biodisponível e em sua forma mais ancestral? Na carne, minha gente! A carne, de diferentes cortes e tipos, é uma fonte completa de tirosina, de iodo (especialmente nas vísceras), e também de ferro heme (a forma mais bem absorvida pelo corpo). O zinco e as vitaminas do complexo B também são abundantes em produtos de origem animal. Já o selênio é encontrado em ótimas quantidades em carnes como fígado e em alguns peixes. Quando você opta por uma alimentação baseada em produtos animais, está fornecendo ao seu corpo um verdadeiro arsenal de nutrientes que a tireoide precisa para funcionar no seu auge. É um retorno à fisiologia humana, uma forma inteligente de nutrir essa glândula tão vital.


E Para Quem Não Tem Mais a Tireoide?


Para aqueles que, por algum motivo de saúde, tiveram a glândula tireoide removida (a tireoidectomia), como a regulação da temperatura e as demais funções metabólicas são mantidas? Nesses casos, o corpo passa a depender inteiramente da reposição hormonal , geralmente por meio de medicamentos como a levotiroxina (um T4 sintético, ainda que idêntico ao produzido pelo corpo). O cérebro, em especial o hipotálamo, continua a ser o centro integrador que monitora e comanda as respostas termorregulatórias (como vasodilatação ou vasoconstrição para dissipar ou reter calor), mas ele agora opera com base nos hormônios fornecidos externamente. Todas as funções que antes eram diretamente impulsionadas pelos hormônios tireoidianos — como metabolismo, frequência cardíaca, digestão, humor, crescimento de cabelo e pele, desenvolvimento cerebral e ósseo, entre outras — passam a depender criticamente da adequação e do ajuste preciso dessa medicação. É um processo que exige um acompanhamento rigoroso com um especialista que entenda profundamente a fisiologia humana, para garantir que o corpo receba a "mensagem" hormonal correta e mantenha seu equilíbrio vital. A alimentação ancestral, mesmo para quem faz reposição, pode oferecer um ambiente nutricional mais favorável para a saúde geral, muitas vezes até "ressuscitando" parcialmente essa função, mas a terapia hormonal deve ser avaliada e acompanhada por um médico.


Adrenalina e Mãos/Nariz Frios: A Resposta Aguda


Mãos, pés ou nariz gelados não têm relação direta com a tireoide, mas sim com a liberação de adrenalina. E aqui vai um alerta: a adrenalina é tóxica para a tireoide e pode bloquear sua função. Se você percebe uma melhora nesses sintomas ao mudar seus hábitos é um bom indício de que sua tireoide pode estar funcionando melhor indiretamente.


A relação entre a liberação de adrenalina e a sensação de mãos e nariz frios, que é uma resposta aguda de "luta ou fuga", pode se tornar problemática quando o estresse se torna crônico.


Quando a adrenalina é liberada de forma excessiva e persistente devido ao estresse crônico, o corpo entra em um estado de alerta constante, o que pode, de fato, ter consequências negativas para a saúde em geral, incluindo a função da tireoide.


A vasoconstrição periférica (diminuição do fluxo sanguíneo para as extremidades) é um mecanismo de defesa do corpo. Em situações de estresse agudo, como um susto ou perigo iminente, a adrenalina (e noradrenalina) é liberada rapidamente, preparando o corpo para reagir com algumas respostas:


  • Aumento da frequência cardíaca e pressão arterial: Para bombear mais sangue.

  • Redirecionamento do fluxo sanguíneo: Para os músculos e órgãos vitais, em detrimento das extremidades.

  • Aumento da glicose no sangue: Para fornecer energia rápida.

Essa resposta é eficiente para emergências de curta duração. A sensação de frio nas mãos e no nariz é um efeito colateral dessa redistribuição do sangue.


O Estresse Crônico e a Disfunção Hormonal


O problema surge quando o corpo permanece nesse estado de "luta ou fuga" por longos períodos. O estresse crônico leva à liberação contínua de adrenalina e, principalmente, de cortisol (outro hormônio de controle do estresse produzido pelas glândulas suprarrenais).


A exposição prolongada a altos níveis desses hormônios pode sobrecarregar o organismo e impactar negativamente diversas funções, incluindo a tireoide.


Embora a adrenalina em si não seja diretamente "tóxica" para a tireoide no sentido de um veneno, o estresse crônico e os desequilíbrios hormonais resultantes podem interferir na função tireoidiana de diversas maneiras:


  1. Interferência na Conversão Hormonal: O estresse crônico e os altos níveis de cortisol podem dificultar a conversão do hormônio tireoidiano T4 (forma inativa) em T3 (forma ativa) no organismo. Isso significa que, mesmo que a tireoide esteja produzindo T4, o corpo pode não estar conseguindo utilizá-lo eficientemente.

  2. Aumento da Produção de T3 Reverso (rT3): Em situações de estresse, o corpo pode priorizar a produção de T3 reverso (rT3), que é uma forma inativa de T3. Isso pode levar a um quadro de "síndrome do T3 baixo" ou "hipotireoidismo subclínico", onde os exames de TSH e T4 podem estar normais, mas o paciente apresenta sintomas de hipotireoidismo devido à baixa disponibilidade de T3 ativo.

  3. Inflamação e Autoimunidade: O estresse crônico pode levar a um estado de inflamação sistêmica no corpo. A inflamação, por sua vez, é um fator que pode desencadear ou agravar doenças autoimunes da tireoide, como a Tireoidite de Hashimoto (que causa hipotireoidismo) ou a Doença de Graves (que causa hipertireoidismo).

  4. Desregulação do Eixo Hipotálamo-Hipófise-Tireoide (HHT): O estresse impacta o hipotálamo e a hipófise, que são glândulas cerebrais que controlam a tireoide. Essa disfunção pode alterar a liberação do TSH (Hormônio Estimulante da Tireoide), comprometendo a regulação da produção dos hormônios tireoidianos.


Consequências de um Desequilíbrio Crônico

Se as mãos e o nariz frios são uma manifestação constante de um estado de estresse crônico, isso pode ser um indicativo de que o sistema nervoso autônomo está constantemente ativado. Com o tempo, essa ativação prolongada pode contribuir para:


  • Fadiga adrenal: Um conceito (ainda não totalmente aceito pela medicina tradicional como uma doença distinta, mas reconhecido como um conjunto de sintomas relacionados ao estresse crônico) que sugere um esgotamento das glândulas suprarrenais.

  • Problemas metabólicos: Dificuldade em manter o peso, alterações nos níveis de açúcar no sangue.

  • Problemas de sono: Insônia.

  • Disfunções do humor: Ansiedade, depressão.

  • Comprometimento do sistema imunológico: Maior suscetibilidade a infecções.


Em resumo, a sensação de mãos e nariz frios é um sintoma da resposta de estresse. Se essa resposta se torna crônica, ela sinaliza um desequilíbrio que pode, sim, impactar negativamente a função da tireoide e a saúde em geral, não por uma "toxicidade" direta da adrenalina, mas pelos mecanismos complexos de desregulação hormonal e inflamação gerados pelo estresse prolongado.


E o jejum inteligente? Muitos perguntam se ele é indicado para hipotireoidismo. A resposta é um sonoro sim! O jejum é um poderoso desinflamatório, e como a inflamação é um dos grandes inimigos da tireoide, o jejum prolongado, feito de forma consciente e gradual, pode ser um grande aliado na recuperação da função tireoidiana. Lembre-se: não dê comida para os "vermes" (carboidratos, açúcares, vegetais) – eles prosperam com isso.


Alerta Final: Individualidade e a Busca pelo Conhecimento Real


Evite soluções prontas e suplementações indiscriminadas. O uso de hormônios, como o T4, deve ser a última opção. Há relatos conscistentes de hipotireoidismo revertido apenas com a retirada do T4 e a correção da inflamação. Cada indivíduo é único e exige uma abordagem personalizada.


Buscar um bom profissional de saúde que realmente entenda a fisiologia humana, a profundidade das interconexões hormonais e não se paute apenas em exames isolados, é crucial. Seu bem-estar e a saúde da sua tireoide dependem disso.


Se você se identificou com algum desses pontos, não se preocupe! A jornada de volta à saúde plena é possível. Que tal começar a observar sua temperatura basal amanhã mesmo?


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3 comentários


Rafaela Mie
Rafaela Mie
27 de mai.

Me identifiquei com o artigo todinho! O melhor é saber que o jejum inteligente faz parte da minha cura🙏

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Rafaela Mie
Rafaela Mie
27 de mai.
Respondendo a

Ansiosa por um artigo que aborde a importância da proporção de carne e gordura🥰

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