top of page

Jejum Inteligente: Como Seu Corpo se Transforma em Uma Máquina de Energia e Preserva Sua Musculatura

Você já se pegou pensando em como seria viver com mais energia, clareza mental e um corpo que funciona em sua capacidade máxima? No turbilhão da vida moderna, onde a comida está sempre à disposição, muitos de nós perdemos a conexão com a sabedoria inata do nosso organismo. É por isso que o jejum inteligente tem ganhado tanto espaço, não apenas como uma estratégia eficaz para o emagrecimento, mas como um caminho para preservar e restaurar a saúde em sua essência. Convido você a uma jornada para redescobrir a máquina de energia que é o seu corpo.


ree

Imagine por um instante a vida de nossos antepassados. Eram nômades, caçadores-coletores. Não plantavam, não armazenavam comida em cavernas por longos períodos – seja pela falta de técnicas de preservação ou pela presença constante de predadores. A fartura de alimentos ricos em glicose, como conhecemos hoje, simplesmente não existia.


Nesse cenário de escassez intermitente, o corpo humano se adaptou e evoluiu para ser incrivelmente eficiente na utilização de gordura como combustível. Essa é a nossa herança, um manual de sobrevivência que ainda pulsa em cada célula.


Quando abraçamos o jejum inteligente, ativamos essa programação. Na fase metabólica de jejum, ocorre uma diminuição plasmática tanto da concentração de glicose (açúcar no sangue) quanto da concentração de aminoácidos (blocos construtores de proteínas). Isso reflete diretamente na secreção de insulina, que é diminuída, e em um aumento da secreção de glucagon.


Essa mobilização hormonal tem duas grandes prioridades: a primeira é manter os níveis de glicose plasmática (açúcar no sangue) estáveis e a segunda é mobilizar os ácidos graxos (gorduras) do estoque, promovendo a lipólise (quebra de gordura) para que possam ser utilizados como energia, seja na forma de ácidos graxos ou como corpos cetônicos.


A Grande Sacada: Gordura é o Combustível Primordial, Glicose é a Emergência!


Nossa constituição biológica foi moldada pela variabilidade alimentar. A gordura corporal não é apenas um depósito; ela é nossa principal defesa e fonte de energia primária em momentos de ausência de alimento. Ao contrário do que muitos podem temer, depender de proteínas musculares como fonte principal de energia seria um desserviço à sobrevivência. Culminaria em fraqueza intensa, inviabilizando a locomoção. E nosso corpo não agiria dessa forma.


É por isso que durante o jejum a energia é gerada prioritariamente pela degradação dos triglicerídeos (tipo de gordura) no tecido adiposo. Os ácidos graxos são liberados pelo tecido adiposo e transportados pela albumina até os tecidos, sendo captados na sua maioria pelo próprio fígado. Lá, eles são convertidos em acetil-CoA.


E aqui uma explicação didática: quando os ácidos graxos chegam ao fígado, eles são matéria-prima que o corpo sabe transformar. O fígado, então, os converte em uma molécula especial chamada acetil-CoA. Pense na acetil-CoA como uma 'chave' que abre as portas para a produção de energia dentro das nossas mitocôndrias, as verdadeiras 'usinas' de energia das nossas células. Lá dentro, o ciclo de Krebs atua como uma 'linha de produção' complexa, uma série de reações bioquímicas. É nesse ciclo que, por meio de uma série de transformações, conseguimos gerar o ATP (adenosina trifosfato), que é a principal moeda de energia para todas as atividades do nosso corpo.


Ainda que aminoácidos vindos dos músculos contribuam para uma produção basal de glicose (neoglicogênese) para atender tecidos que utilizam a glicose preferencialmente, como os eritrócitos (glóbulos vermelhos), que não possuem mitocôndrias e, portanto, não são capazes de utilizar ácidos graxos como fonte de energia, assim como a medula renal e o próprio sistema nervoso central, o consumo de proteínas é poupado.


O corpo possui mecanismos protetores de preservação da musculatura esquelética durante o jejum. A glicose, nessa visão evolutiva, é uma reserva para momentos de emergência, não a base contínua do nosso funcionamento.


E mesmo para o cérebro, a história da glicose não é tão linear quanto se pensa. Embora a retina, por exemplo, utilize principalmente glicose, a ideia de que ela usa apenas glicose é limitada. Observa-se que, enquanto a glicólise (degradação da glicose) é a principal via para a produção de energia na retina, especialmente na camada externa onde ocorre a fototransdução, a retina também pode utilizar outras fontes essenciais, como corpos cetônicos (em jejum prolongado ou dieta cetogênica) e ácidos graxos, que contribuem para a produção de ATP através da fosforilação oxidativa (OXPHOS). Ou seja, o cérebro, apesar de um possível "vício" moderno em glicose, tem uma capacidade de se adaptar e prosperar com outras fontes, como se a via da beta-oxidação (L-carnitina), essencial para a queima de gordura, estivesse adormecida e agora fosse redescoberta.


Corpos Cetônicos: O Supercombustível para o Cérebro


A lipólise continua durante o jejum, liberando ácidos graxos que são captados, em sua maioria, pelo próprio fígado. Lá, eles são convertidos em acetil-CoA.


Como explicado, o acetil-CoA normalmente entraria no ciclo de Krebs. No entanto, em jejum, estamos numa situação metabólica onde os intermediários do ciclo de Krebs estão sendo desviados e utilizados para a via de gliconeogênese. Isso faz com que a concentração desses intermediários, principalmente o oxaloacetato, seja mais baixa.


Como consequência, o acetil-CoA não consegue entrar no ciclo de Krebs como de costume, começa a se acumular e acaba seguindo uma via do metabolismo secundário para a formação dos famosos corpos cetônicos: acetoacetato, beta-hidroxibutirato e acetona. Esses corpos cetônicos são então exportados para o sangue e captados por diversos tecidos como o coração, músculo esquelético, rins e até mesmo o cérebro. Nesses tecidos, os corpos cetônicos captados são biotransformados em acetil-CoA novamente.


O acetil-CoA, então, entra no ciclo de Krebs para gerar energia na célula. Isso é possível porque nestes tecidos extra-hepáticos não ocorre a gliconeogênese, e, portanto, o ciclo de Krebs está ativo.


As condições que aumentam a produção de corpos cetônicos incluem:

  • Jejum: Quando o corpo entra em estado de jejum, a produção de corpos cetônicos aumenta para fornecer energia.

  • Dieta cetogênica: Dietas com baixo teor de carboidratos e alto teor de gordura induzem a essa produção eficiente de corpos cetônicos.

  • Exercício intenso: Exercícios prolongados e intensos podem levar ao aumento da produção de corpos cetônicos.


Importante: Em situações de diabetes descontrolado, a produção excessiva de corpos cetônicos pode levar à cetoacidose, uma condição grave que requer atenção médica. É crucial entender que o jejum inteligente e a dieta ancestral são ferramentas de saúde, muito diferentes de um estado patológico.


Na perspectiva da alimentação ancestral, que prioriza gorduras e proteínas de qualidade (especialmente carnes, ricas em ácidos graxos e aminoácidos essenciais), a transição para a queima de gordura e a produção de corpos cetônicos é facilitada. Isso otimiza o jejum, tornando-o mais eficiente e confortável, e permitindo que o cérebro utilize seu combustível preferencial. Frutas vermelhas e coco, presentes na alimentação ancestral, embora não sejam as fontes primárias de energia nesse contexto, fornecem micronutrientes que apoiam o metabolismo geral.


Jejum Prolongado: As Fases do Seu Metabolismo em Horas e Dias


A bioquímica nos dá informações valiosas e com correlações clínicas podemos ver o efeito do jejum sobre a homeostase da glicose, mostrando de onde provém a glicose utilizada em horas ou dias de privação alimentar. Vamos detalhar o que acontece em cada fase, e como o corpo se comporta em jejuns de até 21 dias:


  • Fase 1: Abundância Externa (0 a aproximadamente 4 horas de jejum): No início, a glicose provém diretamente da fonte externa, ou seja, da alimentação que você acabou de ingerir. Seu corpo está absorvendo e utilizando os nutrientes da refeição.

  • Fase 2: Glicogenólise Hepática (aproximadamente 4 a 24 horas de jejum): Uma vez esgotado o suprimento de glicose vinda da alimentação, a glicogenólise hepática (quebra do glicogênio, que é a forma armazenada de glicose no fígado) entra em ação para manter os níveis de glicose sanguínea estáveis. Ao mesmo tempo, já se inicia o processo de gliconeogênese (produção de nova glicose).

  • Fase 3: Gliconeogênese Predominante e Início da Cetose (aproximadamente 24 horas a 2-3 dias de jejum): Após extinguir toda a reserva de glicogênio hepático, a gliconeogênese se torna a principal fonte de glicose sanguínea. No jejum, inclusive no jejum prolongado, quem vai manter a glicemia (nível de açúcar no sangue) é a gliconeogênese. A síntese de glicose pela gliconeogênese utiliza como precursores os esqueletos de carbono dos aminoácidos, resultantes da proteólise muscular. Nesse período, a produção de corpos cetônicos se intensifica, tornando-se uma fonte energética relevante.

  • Fase de Adaptação e Estabilização da Cetose (aproximadamente 3 a 7 dias de jejum): Essa fase marca uma transição importante. Se evidencia que a gordura corporal é a nossa principal defesa contra a privação alimentar. A reserva energética armazenada de glicogênio acaba rapidamente, durando cerca de 1 dia. Outras reservas, como proteínas e gorduras, são utilizadas logo no início da privação. No entanto, o corpo otimiza a queima de gordura e a produção de corpos cetônicos para a maioria das necessidades energéticas. O consumo de proteínas começa a ser significantemente poupado.

  • Fase de Jejum Prolongado com Economia Proteica (aproximadamente 7 a 21 dias de jejum): Nesse período, a adaptação metabólica é profunda. O organismo continua a privar o consumo de proteínas e priorizar massivamente o consumo de ácidos graxos (lipídios). A queima de gordura se torna a principal fonte de energia e a produção de corpos cetônicos é robusta e estável. A utilização de proteínas para gliconeogênese é minimizada ao extremo, para preservar a massa muscular. É claro que essa predominância da queima de gordura ocorre às custas da produção de corpos cetônicos. Para uma pessoa com cerca de 10-15 kg de gordura corporal (o que poderia ser o caso de uma pessoa magra com uma pequena barriga, considerando que 1kg de gordura fornece aproximadamente 7.700 calorias) e considerando um gasto calórico diário de 2.000 a 2.500 calorias, essa reserva poderia, teoricamente, sustentá-la por cerca de 30 a 58 dias. No entanto, é crucial entender que o corpo adapta seu metabolismo e as necessidades calóricas diminuem em jejum prolongado.

  • Fase de Jejum Muito Prolongado e Consumo de Proteínas (acima de 21 dias, ou semanas, como 6 a 7 semanas): Por último, o organismo realmente começa a abrir mão da preservação das proteínas e começa a utilizá-las para degradação. Essas são situações extremas que fisiologicamente não acontecem na rotina do jejum inteligente bem conduzido. Isso demonstra a resiliência e a capacidade adaptativa do corpo humano, ecoando a maestria do nosso metabolismo.


Em suma, o jejum inteligente, quando bem compreendido e aplicado, é uma ferramenta poderosa para otimizar o metabolismo, promover a queima de gordura, preservar a massa muscular e, principalmente, ativar as vias energéticas mais eficientes para o cérebro. É um convite para você reconectar-se com a sua fisiologia mais profunda e experimentar um novo nível de clareza mental e bem-estar real.


Quer aprofundar seu conhecimento sobre o jejum e a alimentação ancestral para transformar sua saúde? Explore nossos outros artigos e prepare-se para viver uma vida com mais energia e vitalidade, no ritmo do seu corpo!


Eu sou Amélia Bretas,

Ajudo pessoas a conquistarem emagrecimento rápido, bem-estar físico e emocional, combinando alimentação ancestral, jejum inteligente e desenvolvimento pessoal.

Quer saber mais e começar sua transformação? Clique aqui e saiba mais e inscreva-se na minha Mentoria de Desenvolvimento Pessoal, Bem-Estar e Saúde!

 
 
 

Comentários


bottom of page