A intrínseca relação do cortisol com a saúde mental e a energia vital
- Amelia Bretas
- 30 de jun.
- 5 min de leitura
O cortisol, frequentemente referido como o "hormônio do estresse", vai muito além de sua fama popular, revelando-se um maestro complexo e essencial de nosso sistema neuroendócrino e emocional. Compreender seu papel é desvendar grande parte dos mistérios por trás de condições de saúde mental e do bem-estar geral. Mais do que um simples marcador hormonal, o cortisol funciona como um termômetro da nossa carga emocional e bioquímica, fornecendo pistas cruciais sobre nosso equilíbrio interno.

Cortisol: o espelho do nosso sistema emocional
Muitos consideram que o cortisol é o indicador mais preciso do nosso estado emocional. Não existe outro hormônio que se aproxime de sua capacidade de refletir a saúde do nosso universo emocional. Quando medimos e interpretamos os níveis de cortisol, estamos, na verdade, explorando as profundezas do nosso sistema emocional mais do que o puramente hormonal. Essa perspectiva abre portas valiosas para entendermos como o corpo reage às demandas da vida.
O principal "disruptor" do cortisol é a preocupação crônica. Pessoas com um padrão de preocupação persistente quase sempre apresentam alguma alteração nos níveis de cortisol, que pode variar de leve a grave. É um ciclo vicioso: o desequilíbrio emocional afeta o cortisol, que, por sua vez, impacta a função cerebral e o bem-estar físico.
Aferindo o cortisol: a importância da curva diária
A maneira mais eficaz de avaliar o cortisol não é por uma única medida pontual. A dosagem salivar, com múltiplas aferições ao longo do dia, oferece uma visão muito mais completa da curva de produção desse hormônio. Embora no Brasil se utilizem geralmente três medidas, em outros países e em muitas pesquisas científicas, quatro aferições são a norma. Quanto mais pontos de coleta ao longo do dia, mais precisa é a compreensão de sua variação e tendência, revelando se a curva está dentro de um padrão saudável. Imagine a inviabilidade de coletar sangue quatro vezes ao dia. O cortisol salivar oferece uma alternativa prática e valiosa para essa análise detalhada.
Dentre as várias medições, a resposta do cortisol ao despertar (CAR – Cortisol Awakening Response) tem se mostrado a mais relevante para entender a relação entre cortisol e ACTH (Hormônio Adrenocorticotrófico), um indicador fundamental do funcionamento do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA), que governa a resposta ao estresse. Um CAR alterado geralmente indica um desequilíbrio do ciclo circadiano, impactando diversas funções corporais.
Cortisol e as doenças neuropsiquiátricas: uma conexão subestimada
Pesquisas recentes, incluindo estudos de 2024, reforçam a forte associação do cortisol com condições como depressão, fadiga crônica, distúrbios do sono e fibromialgia. Embora a medicina convencional, especialmente a psiquiatria, ainda não tenha um consenso formal sobre essa correlação, a quantidade de artigos científicos que confirmam a interligação entre a alteração da função do cortisol e essas condições é vasta e crescente. É, no mínimo, temerário e atrasado abordar essas condições sem sequer considerar a avaliação do cortisol, o que pode inclusive prejudicar a recuperação.
Observa-se também uma relação íntima entre o desequilíbrio do cortisol e a ideação suicida. O cortisol é fundamental para a manutenção da vida, mantendo nosso corpo e cérebro "vivos". Quando o cérebro percebe uma deficiência de cortisol, especialmente em situações de demanda energética ou desafios, pode ocorrer uma resposta de pânico intensa,com sensações avassaladoras, refletindo um cortisol extremamente baixo e uma incapacidade do corpo de lidar com o estresse.
Fibromialgia e o papel crucial da tireoide e DHEA
A fibromialgia, caracterizada por dor e desconforto muscular intensos, tem uma ligação direta com o cortisol e, de forma secundária, com a tireoide. É uma condição que frequentemente reflete uma deficiência severa na produção energética muscular, impactada pela ação inadequada do cortisol e dos hormônios tireoidianos.
Um aspecto fascinante e recentemente comprovado é a dependência do cortisol em relação ao DHEA (sulfato de deidroepiandrosterona). Curiosamente, é a única situação conhecida na saúde metabólica humana em que o cortisol, que normalmente regula outros hormônios, depende de outro hormônio para funcionar corretamente. Se o DHEA sulfato estiver muito baixo, o cortisol não consegue se encaixar nos receptores, tornando-o ineficaz, como se não existisse. Em situações de estresse agudo, tanto o cortisol quanto o DHEA são produzidos em maior quantidade, não apenas para o DHEA contrapor os efeitos catabólicos do cortisol, mas principalmente porque o DHEA atua como um parceiro, ajudando o cortisol a se ligar ao seu receptor e exercer sua função vital.
O impacto em cascata: tireoide e insulina
Quando o cortisol não funciona adequadamente, uma cascata de disfunções hormonais pode se iniciar. Os hormônios que mais dependem do cortisol para funcionar são os da tireoide e a insulina. No caso da tireoide, não apenas o receptor tireoidiano depende do cortisol, mas toda a cadeia de conversão e liberação dos hormônios da tireoide é influenciada por ele. Qualquer desequilíbrio no cortisol pode levar a sintomas como depressão, ansiedade, distúrbios do sono e fibromialgia, todos relacionados à energia mitocondrial.
Uma resposta fisiológica saudável ao estresse envolve um cortisol alto e um ACTH baixo. Se ambos estão altos, especialmente com um DHEA sulfato baixo (abaixo de 200, quanto mais baixo, pior), há um problema no eixo HPA. Essa compreensão é o segredo do sucesso no tratamento dessas condições. Estudos desde 2004 já apontam essa relação, com artigos mais recentes solidificando essa evidência.
O espectro do estresse: além do emocional
É fundamental expandir a visão sobre o estresse. Não se trata apenas do estresse emocional, mas também do estresse físico e bioquímico. Sobrecargas por metais pesados, por exemplo, podem ser disruptores significativos do eixo HPA. Uma acumulação significativa impede esse reequilibrio fazendo-se necessário o acompanhamento profissional adequado para um tratamento que vise promover a quelação desses metais acumulados de forma eficiente
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Existem estudos sendo desenvolvidos que ligam o autismo com a dificuldade de desintoxicação de metais pesados. Não é que o metal pesado cause o autismo, mas o autismo poderia predispor a uma falha na detoxificação, retroalimentando problemas mitocondriais. Isso sugere que o espectro autista, incluindo o déficit de atenção e hiperatividade, pode ter relação com o cortisol e com a sobrecarga de metais pesados. Abordagens de detoxificação, embora desafiadoras, podem ser cruciais nesses casos.
Reposição de cortisol e adaptógenos: caminhos para o equilíbrio
Em casos de depressão grave, especialmente com ideação suicida, a suplementação com cortisol pode ser iniciada imediatamente, em conjunto com antidepressivos, que podem ser necessários até que a causa base do desequilíbrio seja resolvida. A via oral, preferencialmente em cápsulas, é considerada mais fisiológica, já que um metabólito do cortisol, a cortisona, também mantém ação. Em crianças autistas, o gel transdérmico é uma alternativa.
Para casos sem sintomas graves e limitantes, a escolha são os adaptógenos, substâncias naturais que ajudam o corpo a se adaptar ao estresse e a normalizar as funções hormonais. Os adaptógenos são verdadeiros "remédios da natureza", que devem ser usados de forma estratégica e consciente para apoiar o equilíbrio do cortisol.
Lembre-se: o caminho para a saúde e o bem-estar passa por um entendimento aprofundado do nosso corpo e suas interações. Buscar um bom profissional de saúde, que entenda dessa parte, é essencial para guiar você nessa jornada de autoconhecimento e equilíbrio.
Eu sou Amélia Bretas,
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