A Gordura Visceral: Inimigo Silencioso
- Amelia Bretas
- 24 de jun.
- 6 min de leitura
A gordura visceral é um tema que tem gerado muitas dúvidas, e é compreensível. Quando olhamos para a circunferência abdominal ou para exames específicos, essa "gordura" muitas vezes parece óbvia, mas sua real natureza e impacto ainda são um mistério para muitos. Mas, afinal, o que é essa tal gordura visceral tão comentada? E por que ela é tão apontada como um fator de risco para tantas doenças, desde as isquêmicas ao diabetes, Alzheimer e até o câncer?

Para desmistificar, vamos entender a estrutura do nosso corpo. O tronco é dividido em tórax e abdômen, separados pelo diafragma. Dentro da cavidade abdominal, temos os órgãos vitais, as vísceras – rins, pâncreas, estômago, intestino, todos alojados e protegidos pela musculatura abdominal. A gordura que conseguimos pinçar, aquela que está do músculo para fora e que pode ser removida em uma lipoaspiração, é a gordura subcutânea utilizada com reserva para períodos de escassez alimentar, segundo a nossa evolução ancestral.
A gordura subcutânea, aquela que fica logo abaixo da pele, muitas vezes é vista apenas como uma questão estética, mas a verdade é que seu excesso pode ser um sinal de desequilíbrios importantes no corpo. Um acúmulo excessivo está intrinsecamente ligado a níveis elevados de cortisol ou sua má função. Isso ocorre porque o corpo pode ativar mecanismos de "luta ou fuga", interpretando certas situações como períodos de escassez e, consequentemente, priorizando o armazenamento de energia em forma de gordura.
Curiosamente, embora o excesso seja problemático, uma quantidade adequada de gordura subcutânea é crucial para a saúde, especialmente para a produção hormonal. Observa-se que atletas com percentuais de gordura extremamente baixos frequentemente enfrentam prejuízos em suas funções hormonais, um lembrete de que o equilíbrio é sempre a chave para um bem-estar pleno.
A gordura subcutânea não é apenas um isolante térmico ou uma reserva de energia imediata. Ela funciona como um verdadeiro armazém de nutrientes essenciais. Dentro das células adiposas a principal forma de armazenamento são os triglicerídeos, que são a maneira mais eficiente de guardar energia. Mas o papel vai além. A gordura é crucial para a absorção e o transporte de vitaminas lipossolúveis, como as vitaminas A, D, E e K. Sem uma quantidade adequada de gordura, o corpo não consegue utilizar essas vitaminas de forma eficaz, o que pode levar a uma série de deficiências.
Além disso, ela tem um papel fundamental na produção de hormônios, incluindo os hormônios sexuais como estrogênio e testosterona, que dependem diretamente de substratos lipídicos para sua síntese. Observa-se que desequilíbrios na gordura corporal, tanto para mais quanto para menos, podem desregular esse complexo sistema hormonal. Portanto, ter uma gordura subcutânea em equilíbrio não é apenas sobre estética, mas sobre garantir que o corpo tenha os componentes necessários para funcionar em sua plenitude, absorvendo nutrientes vitais e produzindo os hormônios que regem tantas de nossas funções biológicas. É um lembrete fascinante de como o corpo humano é inteligente e adaptável!
No entanto, existe uma outra gordura, que se forma dentro do abdômen, envolvendo diretamente essas vísceras e órgãos. Essa é a gordura visceral, uma gordura amarelada que se acumula ao redor dos órgãos. Ao observar a diferença entre um coração saudável e um coração com anos de acúmulo de gordura visceral, a distinção é gritante: a gordura em excesso dá a imagem de um órgão doente.
Embora a gordura visceral e a subcutânea sejam ambas formas de tecido adiposo e armazenem principalmente triglicerídeos como reserva de energia, existem diferenças cruciais na sua composição bioquímica e, mais importante, na sua atividade metabólica e impacto na saúde.
A gordura subcutânea, como dito, atua como um isolante e reservatório mais passivo de energia, além de ser fundamental para a absorção de vitaminas lipossolúveis e a síntese hormonal. Já a gordura visceral, que se localiza profundamente na cavidade abdominal, envolvendo órgãos como fígado, pâncreas e intestinos, é metabolicamente muito mais ativa.
Observa-se que a gordura visceral possui uma composição celular que a torna mais propensa a liberar substâncias inflamatórias, conhecidas como adipocinas pró-inflamatórias. Essas substâncias, como o Fator de Necrose Tumoral-alfa (TNF-alfa) e a Interleucina-6 (IL-6), podem entrar diretamente na circulação portal e ir para o fígado, desencadeando um estado de inflamação crônica de baixo grau em todo o corpo. Isso não acontece na mesma proporção com a gordura subcutânea.
Além dos triglicerídeos, a gordura visceral também armazena e libera ácidos graxos livres em maior quantidade e com maior facilidade quando comparada à gordura subcutânea. Esse excesso de ácidos graxos livres pode sobrecarregar o fígado e outros tecidos, contribuindo para a resistência à insulina e o desenvolvimento de condições como o diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e até alguns tipos de câncer.
Em essência, enquanto ambas são reservas de energia e nutrientes como vitaminas lipossolúveis, a gordura visceral se destaca por sua intensa atividade endócrina e inflamatória, tornando seu acúmulo excessivo um marcador de risco muito mais significativo para a saúde metabólica e sistêmica. É por isso que, quando falamos de bem-estar real, o foco não deve ser apenas na balança, mas na qualidade e na localização da gordura no corpo.
Essa distinção é fundamental para entender como diferentes abordagens alimentares e de estilo de vida, como a alimentação ancestral e o jejum inteligente, podem atuar especificamente na redução dessa gordura mais perigosa, otimizando a saúde de dentro para fora.
O Inimigo Silencioso que Atua como Órgão Endócrino
O grande problema da gordura visceral em excesso é que ela não é apenas um depósito inerte de energia. A sociedade de endocrinologia já a considera um verdadeiro "órgão endócrino". Mas como assim, um órgão? O tecido adiposo visceral, ou a gordura visceral, é um produtor ativo de hormônios. Já catalogamos cerca de 35 hormônios diferentes, chamados de adipocitocinas, que são produzidos por esse tecido.
E o que esses hormônios fazem? Infelizmente, são todos pró-inflamatórios. Eles ativam gatilhos inflamatórios que, muitas vezes, não percebemos. Você pode não estar sentindo absolutamente nada, mas processos inflamatórios silenciosos e oxidativos estão acontecendo internamente. No futuro, isso pode gerar o que chamamos de "doenças", mas, em minha visão, são mais como sintomas de uma doença maior: o excesso de depósito de gordura visceral no corpo. Condições como Alzheimer, diabetes e câncer, são, na verdade, manifestações desse desequilíbrio interno. Compreender essa diferença é fundamental.
O Caminho da Formação da Gordura Visceral: Um Erro Metabólico
A formação da gordura visceral é, em essência, um erro dentro da célula. De forma simplificada, a glicose que entra na célula deveria ser processada para gerar energia (ATP) através de uma série de reações no ciclo de Krebs. Este é o caminho correto para o metabolismo da glicose.
Contudo, quando há um aporte maior de glicose do que o corpo consegue processar e transformar em energia, iniciamos um processo conhecido como resistência insulínica, ou pré-diabetes. Essa resistência é um gatilho para a formação da gordura visceral. É crucial diferenciar o metabolismo em um atleta, onde a insulina tem um papel fundamental na recuperação do glicogênio muscular após o treino, da patologia que ocorre quando há um consumo excessivo de carboidratos em alguém com aumento da circunferência abdominal. Esse excesso de carboidratos, que não pode ser adequadamente processado, acaba formando o ácido palmítico, que é, em última instância, a gordura visceral.
A Solução Começa na Base: Alimentação Ancestral e Jejum Inteligente
Compreendendo como a gordura visceral se forma – por excesso de glicose intracelular – o tratamento se torna mais claro. O ponto de partida é uma alimentação de baixo índice glicêmico, que visa evitar a entrada de grande quantidade de glicose em células já sobrecarregadas, que não conseguem mais produzir ATP de forma eficiente.
Aliado a isso, o exercício físico regular é fundamental para aumentar a taxa metabólica e a demanda energética do corpo, incentivando a produção de ATP.
A verdadeira revolução começa quando entendemos a nossa fisiologia. A alimentação ancestral, focada em carnes de qualidade, a riqueza das frutas vermelhas, o poder curativo dos chás e a versatilidade do coco, oferece uma abordagem que naturalmente otimiza o metabolismo e combate a resistência à insulina. Estes são alimentos que nutrem de verdade, sem sobrecarregar o sistema.
O jejum inteligente, por sua vez, complementa essa estratégia, permitindo que o corpo descanse, se repare e otimize seus processos metabólicos. Ao dar uma pausa no consumo constante de alimentos, permitimos que o corpo utilize suas reservas de forma mais eficiente e recupere a sensibilidade à insulina. A combinação de uma alimentação alinhada à nossa evolução e períodos de jejum bem planejados pode trazer resultados incríveis na redução da gordura visceral e na promoção de uma saúde robusta.
É importante ressaltar que, além da mudança de hábitos, buscar um bom profissional de saúde é essencial. Erros no metabolismo celular e a presença de resistência insulínica podem vir acompanhados de outras desordens, como a síndrome metabólica. Um especialista que entenda dessa parte poderá avaliar seu quadro completo e guiar o tratamento de forma personalizada.
Se você olhou para sua barriga e notou que a circunferência abdominal está aumentada, talvez seja hora de promover mais saúde em seu corpo. Busque informação, aprofunde-se nas mudanças de hábitos e perceba como é possível viver uma vida com mais vitalidade e bem-estar.
Eu sou Amélia Bretas,
Ajudo pessoas a conquistarem emagrecimento rápido, bem-estar físico e emocional, combinando alimentação ancestral, jejum inteligente e desenvolvimento pessoal.
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